quinta-feira, 7 de março de 2013

DECOLAGEM

Nas primeiras vezes que andei de avião, achei que desmaiaria. Cada ínfimo barulho já despertava o medo de uma desgraça inescapável, cada curva era um tormento medieval. Mais novata, impossível.

Durante a viagem em si não há muito o que me aflija, nem mesmo o pouso. A decolagem é o momento mais crítico, pois traz a assustadora fase de “sair do chão”. Vencida essa etapa, a gente se acostuma com a nova altitude. Douglas Adams escreveu que “para voar basta errar o chão” e ele não poderia estar mais certo. Parece que a coisa mais difícil para o ser humano é tirar os pés – e a alma – do chão firme e seguro.

Mesmo quando temos certeza de que largaríamos tudo por um sonho, nada garante que realmente aproveitaremos as oportunidades para isso. Não é culpa de ninguém. O chão é convidativo, a estabilidade é desejada e por vezes, na verdade, já temos tudo que precisamos e só percebemos quando algo crítico acontece.

Também não é preciso se martirizar. De tempos em tempos a vida nos força a umas decolagens, sem choro nem desculpa, e tudo que podemos fazer é acompanhar a subida com o frio na barriga característico.

Apesar desse medo constante, sento na janelinha sempre que posso, pois a vista sempre vale a pena.

- escrito em um avião no trajeto Curitiba - São Paulo em 23/09/12.

Um comentário:

  1. <3 Primeira vez que leio algo escrito por ti...
    Minha nossa nunca voei de avião, mas creio que irei algum ano desses!
    Não consigo imaginar a sensação, mas tenho medo, medão!
    Adorei o texto e irei ler mais :3

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