Ymir e Kari conseguiam manter certa distância do grupo de marginais, mas eles eram persistentes e o veículo começava a dar sinais de mau funcionamento. Uma resposta atrasada do controle foi brecha suficiente para que um dos moleques acertasse um golpe certeiro no painel, causando a ativação forçada do pouso automático da U.M.
Imediatamente, ela foi cercada
pelos adolescentes.
– Podem ir
saindo e entregando toda a mercadoria se não quiserem sentir o gostinho dos
nossos brinquedos! – o garoto
que dera o comando pulou de seu skate para o teto da U.M., acertando-o com seu
taco de beisebol dourado e arrancando aplausos de seus companheiros.
Irritado, Ymir
cerrou os punhos e saiu do veículo sem pensar, sendo recebido com um golpe no estômago.
Kari veio em seu socorro e levou uma tacada pelas costas de uma das garotas.
– Essa
vadia é atrevida. Não gosto dela, posso matar, Xoth?
– Calma,
Liann... faz tempo que ninguém tenta entrar na capital, vamos nos divertir um
pouco. E os outros, peguem os suprimentos deles.
– Então são
vocês que estão atacando quem tenta entrar na capital...
– Ei
tiozinho, não olha assim pra mim. – o garoto
sorriu cinicamente e seus olhos avermelhados brilharam – Só estamos
sobrevivendo nesse mundo maluco.
– Vocês
fizeram parte dessa loucura caçando qualquer líder que pregasse a paz desde que
isso começou! – Kari
gritou, sua raiva superando o medo – Só aumentaram a histeria, seus doentes!
– Já estava
tudo morto, bonitinha. A gente só escancarou... sabe, seria injusto se só a
gente sofresse. –
perturbadoramente calmo, ele levantou as mangas da camisa branca que usava,
revelando horríveis cicatrizes de queimadura – A louca que fez isso ainda está
livre, depois de ter queimado minha casa com todo mundo dentro. Ninguém
resolveu nada, nem sabiam como lidar com isso. Geral aqui tem uma história parecida.
– Então
querem que todos passem pelo mesmo que vocês passaram? Isso consola
vocês?
O garoto olhou profundamente nos olhos do casal, e depois para cada um
de seus companheiros. Por fim, abriu um sorriso largo e prazeroso.
– Consolar
é pouco. Dá até tesão. – estalou
os dedos – Podem finalizar.
Tudo aconteceu muito rápido. Ymir teve a sorte de conseguir arrancar o
taco de beisebol do primeiro moleque que tentou acertá-lo, conseguindo assim
defender-se de outros, e Kari puxou o skate que estava ao lado de sua agressora
para atingi-la.
– MODO
RESGATE CÓDIGO VERMELHO! – Ymir
gritou e a U.M. entrou em piloto automático,
forçando caminho entre os marginais na direção do casal. Logo que
conseguiram entrar e iniciar a flutuação, o líder se empoleirou na porta
tentando pular para dentro como um macaco selvagem.
– Você não
é o único que perdeu tudo, infeliz! – com um
último chute no rosto, Kari o mandou de volta ao chão no meio do bando.
– Eles não
vão desistir, mas creio que estaremos bem. – Ymir
sorria como se descobrisse algo divertido – Os skates deles ainda são movidos a
bateria, não podem nos perseguir pra sempre enquanto tivermos essa U.M
Especial.
– É bom
você estar certo, porque é isso mesmo que eles vão tentar fazer!
Apesar da previsão correta, três dias se passaram até que os
adolescentes ficassem a pé, já próximos ao destruído Cinturão Resplandecente.
Mesmo impossibilitados de continuar a perseguição pela avenida coberta de vidro
cortante, eles ainda tiveram energia para escalar os destroços e xingar o casal
a plenos pulmões. Mas se soubesse que o destino deles seria uma cidade em
chamas, certamente o insano líder teria desistido facilmente de sua presa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário